terça-feira, 29 de outubro de 2019

Transgressão Carnal

O meu sagrado está além deste corpo
Desta matéria
No comungar com a tua pele
Eu sou loba fera
Não há limites para esta liberdade lupina
Que me entra pelos poros
E em meu caminho age como uma doutrina
As más línguas sempre vão praguejar com seu veneno
Uma miudeza neste meu destino tão supremo
Não há barreiras para estes meus desejos
Carrego a tua marca no meu seio palpitante de loucuras
Eu vou viver estes meus intentos tão selvagens
Mergulhando na tua epiderme alva
Por entre teus cabelos espalhados no meu pulsar tão vulnerável
Não há tempo nem itinerários
Sou caçadora, destruidora do teu racional
Nem eu mesma sei destes pensamentos certeiros
Eu solto minhas flechas e nada mais é real
Estou num nevoeiro e me ceguei com meus próprios devaneios...
Devaneios que te afastam dos meus domínios
O teu espírito grita: Perigo!
E de mim foges em disparada
Não queria trazer estas maldades na Alma
Mas,que eu seja o pecado neste teu mundo de covardes
Que eu seja a coragem marcada pelo calejar desta tormenta
Vou me perder neste vento que me reinventa
Num traquejar assombroso
No medonho vislumbrar de jogos entre céu e inferno
Quero o teu despir tão rápido e sem rodeios
Me afogar neste teu oceano de prazeres misteriosos
Quero macular o meu ser neste teu pecar tão simplório
Vamos profanar na lama, na cama ou na grama
Um amor violento, lento e dramático
Se te causei algum dano
Não estava nos meus planos
Dar voz aos meus instinto e deixar tua vida em risco
Marquei a tua carne com minhas garras afiadas
Uivei mil vezes para a lua
Lamentando por tua ferida ser tão letal quanto a minha
Tampouco fui ouvida
Respiraste no derradeiro suspiro e num adeus tudo ficou tranquilo
O final era um recomeço divino
Viveria dezenas de vidas só para estar ao seu lado na hora da partida.
No arfar do meu peito
Restou apenas a tristeza
Caminho por entre as trevas
Revoltada me rendo às vilezas
Quando voltarei a ouvir da tua boca as palavras mais belas?
O caminho é escuro e frio
Meus pés estão cheios de espinhos
Me cansei deste caminho
Não seguirei sozinha
Vou dar um fim neste destino
Neste lago da morte eu me afogarei em desespero
Tu me encontrarás do outro lado
Sórdido anjo alado
E juntos vamos agonizar nestas mazelas infernais
Sendo duas criaturas perdidas no desaguar descontrolado desta paixão
Que nos roubou a vida e a ilusão
Vivendo no ardor da dor desta transgressão tão carnal.
(Alma Mattos)

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