Das frases mais violentas que te disse
Nenhuma combinou com o amor que por ti senti
Envenenei-me no ópio do ódio
E das minhas mãos tu escapaste
Como um animal ferido e amedrontado
Atacaste para depois recuar
Sem pensar em regressos
Cansastes dos meus exageros e excessos
Amar-te é afogar-se no inferno
É perder-se no paraíso.
Viver na ausência de teus taciturnos olhares
É o mesmo que ser mutilado por um carrasco oculto
Por quanto tempo viveremos nas trevas do arrependimento?
E nos desgostos malignos imersos no sofrimento?
Qual o caminho mais seguro para resgatar meu espírito perdido nas mazelas da cerração?
Talvez se a maldição da amnesia
Soasse como benção de recomeço.
Arruinamo-nos pelo fogo de um jogo de poder
Restou apenas a fuligem tão negra como o abismo em que atiramo-nos.
Queimaste-me com teu amor tão voraz
Enganaste-me com tua fala sagaz
Dois perdedores
Trapaças, mágoas e pesares.
Se por vezes violentei a tua Alma
Foi por não suportar a perda de teus braços para outros laços inferiores
Darei o derradeiro beijo e juntos precipitaremos
Nas dimensões sulfúricas
Eu reajo como química explosiva
Tu finges não perceber e envolve-te no véu da isolação
Estás num labirinto e o único destino
É pisar por entre cacos e espinhos
As flores eu colhi para tentar respirar na beleza dos delírios
Acompanhada pelas fadas sigo uma trilha encantada
Sei que este pacto me fará perder
Entrementes, já perdi demasiado.
Vou beber doses de pecado
Vou cambalear por entre bosques nebulosos
Vou falar com criaturas diversas
Para sufocar as minhas ganas tão perversas.
Meu amor é dúbio e perigoso
Eu entrego as estrelas do mar
E vou pelo lado esquerdo cravejando teu corpo com as farpas
Ou talvez as facas
Para no teu sangue embriagar-me
E eu Bacante de mim perder-me-ei
Na ilusão de possuir-te por último
Teu medo não existe e no cadavérico corpo
Aninho-me a procura do teu amor esvaído na melancolia orgulhosa
Que insiste em torturar-me.
Entrego-me a espada da morte
E contigo parto em retirada.
(Alma Mattos)
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