
Menina rebelde e atrevida Por que tu me feres assim? Tua língua afiada me maltratas Rasgas meu peito e em turbilhão revido Não preciso bradar para ser ouvido Já não domino a mim mesmo Revolve-me a Alma no mais profundo estado Por ti não consigo definir sentimentos Perco-me em teus olhos de mistério e sedução Amargando na perversão das tuas palavras Na crueldade do teu verbo eu ardo no escárnio Não há cura para esta chaga Entre ironias e troças Tu dizes me amar Às vezes sinto ser verdade Mas, quando vejo tua vocação para a maldade Só me resta duvidar. Incerto do teu amor Afasto-me do teu laço de caçadora Das tuas flechas devastadoras Teu sangue caboclo escorre na minha pele Contamino-me com teu mel. Teus lábios tão venenosos E atraentes Rendem-me aos teus desejos Juntos, caímos no precipício dos devaneios mais obscuros. Eu me perco no teu corpo tão jovem, cálido e cheio de paixões, E tu te perdes na minha melena que se esparrama na grama No meu traquejar maroto de homem das trevas Que vem perturbar e burlar teu recato de moça Eu invado a tua carne, incendeio o teu anseio oculto. Assim como perturbas o meu pensar com esta personalidade Que me deixa a mágoa e me faz danar o espírito Eu agonizo no grau mais elevado, no sentido mais inseguro Perdemo-nos entre erros e versões absurdas de caminhos escorregadios Incertos do desfecho Tu segues a me torturar por puro prazer Somente para a tua fúria demonstrar Eu tampouco sou inocente O teu silêncio é pior que o teu bravejar Na ânsia de perturbar- te invento maneiras depravadas e desiguais para atingir-te Arrependo-me! Nunca haverá paz entre opostos desvirtuados Amantes imprevisíveis perdidos em sensações desmedidas e insaciáveis Exagero, dor, afastamento. Eterno pesar. Dois orgulhosos e perdedores de si mesmos. O amor se esvai e não há salvação Perdemo-nos na tristeza de não conseguir tocar com candura a face do outro. Opostos, porém “um único ser só”. Há milhas de distância ainda é possível sentir teu cheiro e tocar tua aura. Não há fim, onde fores estarei contigo, Impregnado no teu ser. Onde caminharei será para seguir teus passos. Vou lembrar sempre dos teus beijos e amassos. Nossas confidências não serão mais tão nossas Serão do universo E o resto é resto. Eu já me perdi e na escuridão não desejo me encontrar Eu vou colecionando decepções Buscando teus abraços nos braços de seres inferiores As tuas garras de felina dominadora, Marcaram meu peito Mesmo sabendo que és tão única Eu me iludo na possibilidade de algo parecido possuir. Mas, não importa o que eu faça não há cópias e nem sócias Tu tão inigualável Eu uma vagal tão normal. Perdido sem sentido na vida. (Alma Mattos)
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