segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Opostos Desvirtuados

Menina rebelde e atrevida
Por que tu me feres assim?
Tua língua afiada me maltratas
Rasgas meu peito e em turbilhão revido
Não preciso bradar para ser ouvido
Já não domino a mim mesmo
Revolve-me a Alma no mais profundo estado
Por ti não consigo definir sentimentos
Perco-me em teus olhos de mistério e sedução
Amargando na perversão das tuas palavras
Na crueldade do teu verbo eu ardo no escárnio
Não há cura para esta chaga
Entre ironias e troças
Tu dizes me amar
Às vezes sinto ser verdade
Mas, quando vejo tua vocação para a maldade
Só me resta duvidar.
Incerto do teu amor
Afasto-me do teu laço de caçadora
Das tuas flechas devastadoras
Teu sangue caboclo escorre na minha pele
Contamino-me com teu mel.
Teus lábios tão venenosos
E atraentes
Rendem-me aos teus desejos
Juntos, caímos no precipício dos devaneios mais obscuros.
Eu me perco no teu corpo tão jovem, cálido e cheio de paixões,
E tu te perdes na minha melena que se esparrama na grama
No meu traquejar maroto de homem das trevas
Que vem perturbar e burlar teu recato de moça
Eu invado a tua carne, incendeio o teu anseio oculto.
Assim como perturbas o meu pensar com esta personalidade
Que me deixa a mágoa e me faz danar o espírito
Eu agonizo no grau mais elevado, no sentido mais inseguro
Perdemo-nos entre erros e versões absurdas de caminhos escorregadios
Incertos do desfecho
Tu segues a me torturar por puro prazer
Somente para a tua fúria demonstrar
Eu tampouco sou inocente
O teu silêncio é pior que o teu bravejar
Na ânsia de perturbar- te invento maneiras depravadas e desiguais para atingir-te
Arrependo-me!
Nunca haverá paz entre opostos desvirtuados
Amantes imprevisíveis perdidos em sensações desmedidas e insaciáveis
Exagero, dor, afastamento.
Eterno pesar.
Dois orgulhosos e perdedores de si mesmos.
O amor se esvai e não há salvação
Perdemo-nos na tristeza de não conseguir tocar com candura a face do outro.
Opostos, porém “um único ser só”.
Há milhas de distância ainda é possível sentir teu cheiro e tocar tua aura.
Não há fim, onde fores estarei contigo,
Impregnado no teu ser.
Onde caminharei será para seguir teus passos.
Vou lembrar sempre dos teus beijos e amassos.
Nossas confidências não serão mais tão nossas
Serão do universo
E o resto é resto.
Eu já me perdi e na escuridão não desejo me encontrar
Eu vou colecionando decepções
Buscando teus abraços nos braços de seres inferiores
As tuas garras de felina dominadora,
Marcaram meu peito
Mesmo sabendo que és tão única
Eu me iludo na possibilidade de algo parecido possuir.
Mas, não importa o que eu faça não há cópias e nem sócias
Tu tão inigualável
Eu uma vagal tão normal.
Perdido sem sentido na vida.
(Alma Mattos)

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