segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Resistência Por Elas, Liberdade Para Elas!

Eu não vivo só de poemas e dizeres bonitos
Vivo de regras e leis que não me pertencem
E o tempo todo penso em burlá-las por pura rebeldia.
Nesta ironia de palavreados espontâneos ou decorados
Sou verso livre e transgressor
Às vezes suave
Noutras possibilidades uma ponta de fraca
Sou bicho errante e intenso
Amansador de homem revoltoso e agressor
Vivo do avesso
Inconformado!
Sou de paz e de guerra
Munido de farpas
Neste machismo eu revido
Vivo insatisfeito!
Entre o céu e a terra
Vou refregando esta hoste de opressores
Não busco amigos e nem seguidores
Anseio por ser inteiro nestas frases nada absolutas
Arteira de arte vazia
Em obras de leilão
Nos quadros rabiscados vou compondo uma canção
Minha única libertação
Sou psicopata exímio em torturas
Minha psicodélica fuga
Visa a vertiginosa fantasia
De alegrias cheias de mentiras
Ilusivas figuras distorcidas
Meu mal é estar entre o ego e o espiritual
Sei do certo e do errado
Podia ser dos Deuses ,mas me entrego diariamente ao Diabo.
Quero pecar e ninguém pode me parar
Sou a derradeira locução
Sem limites de adjetivos
Vou lutar e ninguém pode me parar
Sou homem e mulher
Animal faminto de verbos e não de igualdade
Aqui eu aceito apenas equidade
Cada qual sangra por seus objetivos e temores
Eu sangro por você e seus amores
Minhas paixões são violentas
Meu coração é indomável quimera
Carrego no ventre a transformação
As borboletas morrem
E eu renasço ao fim desta estação.
Não tenho peito de aço
Mas,serei imortal
Mesmo que a queima roupa me tomem
Ou que por algemas me prendam
Eu ato e desato implacáveis laços.
Nas feridas vou ardendo
Vou queimando as utopias
Minha energia é tão sua
Somos quase uma
Nesta guerra bruta
Podem me enforcar
Mas, jamais vou me calar
Eu sou por elas e elas por mim
Nesta coligação não há limites
Não tem poder sobre nós
Somos do vento
Vivemos para ser livres, leves e soltas...
Mulher, o meu grito é por ti
Você pode ser tudo e nada
Afinal, tu decides
E nada pode te deter!
(Alma Mattos)

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Felinamente Uma Guardiã

Não mate minhas feras
Pois de mim terás a guerra
Um dia da caça outro do caçador
Sou a lei do retorno
E venho provocar-te a dor
Teu castigo é perecer no deserto sem arrimo
Teu sangue lavará a tristeza destas famílias que muito antes de ti
Reinavam por aqui.
Eu amo a minha senhora e por ela faço e desfaço
Deusa das grandes alturas e profundidades
O amor que pode corromper é o meu por tua pele de onça
Tão felinamente tu me olhas com estes olhos desenhados de negro
Este teu balançar a passos lentos
Desperta admiração
Me inspiro no teu agir de coragem.
Grande caçadora!
Nesta tua calma em apanhar a presa.
Fascina-me a tua perspicácia!
Nestes tons de amarelo quase dourado ou no negrume dos teus pelos,
Movida pelas ternas sensações atrevo-me a tocar-te;
Tuas garras preparadas acolhem-me junto ao peito
Por ti morro nestas matas
Para defender-te não hesito
Pego minha espada e enfrento o inimigo
Vivo junto ao teu clã para ser um pouco como tu
Não deixo pegadas sorrateiras
Aprendi contigo a ser animal silencioso e invisível
Muitos dirão ser loucura o abandono de uma vida tranquila
Por aventuras perigosas e que muitas vezes ferem de morte
Meu poder é feito para te proteger
Entre o verde caboclo do mato e os charcos
Tu te revelas a mim
Trazendo minha ‘buena suerte’
Imaginei que te protegia
Mas tu, minha nobre guerreira,
Tu és minha protetora e minha guia.
Teu rugido espanta minhas trevas
Todo mal passará!
Pois, junto a mim vem guerrear
Já não sinto medos desvelados
Fui tomada de uma coragem absurda e desmedida
As vezes sou imprudente nestas minhas veredas intrigantes
Mas, carrego a certeza que por mim tu morrerás se preciso for
Assim, como entrego-te a minha vida para que continues livre
Neste destino selvagem sejamos naturais e permanentes
As nossas Almas são únicas e por si só são divinas
Meus sentimentos vivem à deriva por estes rios
Somente em tua presença, vivendo em liberdade,
Nesta simplicidade de ser, sou honrada pela paz de um raio multicolorido
Somos duas feras errantes num submundo de abutres
Eu sou fruto da revolta e da tempestade
Amante de um perder-se por entre folhas e flores
Nas bebidas fortes ou nas águas dos vales
Eu purifico minhas raízes e continuo caminhando ao teu lado
Minha brava irmã, a energia não se finda
Partimos para o alto e avante
Nas furtivas neblinas
Vamos para além das violências e crueldades.
Vou curar-te as feridas, minha querida!
A tua essência esparrama pelos meus pelos e poros
Até chegar no bulbo do meu espírito
Eternamente um ser silvestre
Nômade de solos e árvores
De ribeirões,selvas e sertões
Aborígine destas plantas tão sutis e frondosas
Que dão cor e vitalidade a nossa eterna jornada.
(Gregório Dagon)
**Gregório Dagon é um heterônimo de Alma Mattos.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Impuro no Inferno Pessoal

Só posso ser metade
O resto se perdeu
Foi embora na morte dos amados
Meu resgate é padecer no alarde da ferida
Os jogos de azar vão destruindo minhas fantasias
Sou o único perdedor de mente vazia
Onde chegarei?
Tanta ira em minha Alma
Sufocando e deixando negras pegadas
Se é possível o coração purificar
Ensina-me!
Pois,a raiva já me tomou e vivo confuso
Sou conhecedor dos abismos.
Eu não preciso de nada e nem de ninguém.
Queria apenas um caminho para trilhar
Esta vida não me pertence e agonizo
Eu abdico das alegrias
E não sinto prazeres ao rezar
Mergulhando no meu inferno pessoal
Dia após dia abraço meus demônios
Na demência de reparar um destino de anjo torto
Morto no pulsar intrigante
Das lâminas de um desprezo agonizante
Ferir-te-ei carrasco meu!
Seus cabelos podarei como erva daninha
Vou lacerar-te a carne para que sinta a dor que é minha!
Não há perdão na traição
É ferro e fogo
Uma espada afiada
Que não titubeia, estripa sonhos e leva-te a transgressão.
Salve a rainha rebelde e subversiva
Anárquica, pragmática e agressora
Deusa das trevas voluptuosa
Há poetas e guerreiros
Há facas e flores
Há amores e inimigos
Mas, a partida é a satisfação ou verdadeira perdição
Melhor perder-se em si e no não ser
No Karma da carne frívola
No caos do medo e da coragem de ser o impossível
No micro e no macro
Imergindo no negrume desconhecido
De um cosmo cruel e febril.
Isso ainda não acabou...
(Alma Mattos)

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Meu Amigo Marinheiro

Marinheiro, se em tuas águas eu pudesse navegar
Bem de mansinho pelas ondas como sereia
Eu iria nadar!
A tua palavra é de força e motivação
Homens ao mar
Em dura missão.
Você me mostra as luzes de um farol que nunca imaginei contemplar;
Neste meu horizonte tão escuro
Era mais fácil me perder e me danar.
Mas, olhaste a Alma minha
E me levaste para um caminho seguro
Contigo parto em busca do sonho
Ouvindo o teu falar tão risonho.
Marinheiro, em gratidão por curar meu coração
Sempre lançarei neste mar bravio
Nas noites vagas deste lugar
As rosas azuis celeste
As flores da nossa Mãe Iemanjá.
Mesmo a milhas de distância do teu navio
Meu chamado vais escutar.
E nestas horas frias
Comigo vens conversar.
Às vezes a tua partida brusca dói no peito
Ainda engatinho como criança
Mas, viro homem maduro
Para entrar na dança.
Uma ciranda louca que causa medo
Mas, seguindo o teu conselho
Vou juntando os caquinhos
E erguendo meu império
Se é destas palavras que viverei
Levo o teu aviso a sério!
Posso ter vinte e poucos anos ou ser um velho
Mas, a tua lembrança não me fará perecer
Serei o jovem,belo e selvagem
Que bebeu da mesma fonte dos reis
Na nobreza de uma mar tão sincero
Vou me embriagando nas minhas próprias frases
Ou nas minhas falas
Banhadas no amor e no mistério.
Obrigado,Marinheiro meu coração é teu
E de mim ,tu não esqueças
Pois,minha filosofia é tua
Carregarei pela eternidade
Serei mais forte que tudo.
Mesmo que me falte o tato e o norte
E até mesmo quando chegar a minha hora
Deitando por fim nos braços da morte.
Até breve meu amigo Marinheiro!
(Gregório Dagon)
PS:Em gratidão ao meu amigo Chico.
** Gregório Dagon é um heterônimo de Alma Mattos