sábado, 23 de março de 2013

Queria o Que já Tinha



 

Ele levava a vida como um blues arrastado,

Carregando a felicidade dentro de uma mochila;

Sonhando acordado para escapar da realidade.

Vagando na treva noturna seguindo o sereno tangido

Percebia uma bela companhia...

...Uma ave de rapina que o seguia...

 

Em um breve período tudo escapava a frágil percepção

Não se ouvia nada nem os ganidos das harpias douradas escondidas na mata...

Lampejava histórias das antigas e inescrupulosas estradas.

Amofinava-se e mergulhava na dor mais ínfima existente em seu ser.

"Não tinha nada a oferecer"

Só uma taça de vinho, belas noites e um sorriso.

Murmurava a ambicionar detalhes que se perderam no tempo e que jamais irão voltar.

Tentando dar um basta nas tristezas,

Corria como criança na chuva tentando lavar seu espírito

Já imaculado límpido.

Sem resquício das farpas, apenas resignação.

Contemplava a beleza que o rodeava,

Sorvia a vida vazia que lhe fluía...

Preocupa-se...

Recordações o atormentavam.

Esquartejavam suas crenças...

Demoliam as pontes de um viver simplório e despreparado.

 

Contaminava-se...

Adoecia, morria e renascia.

Entoando canções de partia a um novo curso, um novo destino.

Sempre sozinho.

Rumando ao sul a procura do tinha, mas com vendas nos olhos nem percebia.

 

(Alma Mattos e Alexandre Kingerski)

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